segunda-feira, 29 de setembro de 2008

XXXII - Inquilino Indesejado

Fortaleza, 22 de setembro de 2008.


Pois é... Vivendo mais um dia nessa “minha vida de meu Deus”. Fazer o quê, a não ser viver? O importante é como se vive. Confesso que, nos últimos dias, minha vida não tem sido do jeitinho que eu gostaria que ela fosse. Minhas imperfeições se acordaram e se manifestaram nessa última semana. Ontem estava me sentindo a mais vil das criaturas. Ah! Se os homens fossem perfeitos, não é mesmo?


Vocês já sabem que eu me esforço para não magoar as pessoas e ter paz com todos, mas, e quando você magoa a si mesmo? E quando você olha para si e vê que você é, naquele momento, alguém desconhecido, alguém que não é você, que não segue os seus objetivos, que não pensa como você, que não age da forma que você agiria... Você se tornou outra pessoa.


No domingo de manhã eu senti que havia aflorado dentro de mim aquele ser inoportuno e desconhecido. Ele tinha a minha aparência. Vestia-se como eu. Falava como eu e tinha os mesmos amigos que eu. Estava usando o meu corpo, o lar da minha alma, dos meus sentimentos e das minhas emoções. Nessas últimas semanas ele desmanchou meus planos e retardou meus objetivos. Quando me dei conta de tudo isso, eu já não fazia mais o que eu queria fazer. Quando eu queria agir, ele “tomava de conta” do meu corpo e me impulsionava a ocupar meu tempo com outras coisas e, ao final do dia, quando eu ia dormir, ele me dizia que não tinha problema, pois eu poderia fazer aquelas mesmas coisas amanhã.


No outro dia ele me enrolava da mesma forma, e no dia seguinte, e no outro e no outro... E eu acabei me tornando sedentário em relação a quase tudo aquilo que eu gostaria de fazer. Nas últimas duas semanas eu tive liberdade para fazer pouca coisa que eu queria, porque ele sempre conseguia me convencer de que “amanhã” daria tempo. Mas nunca dava. Tinha coisas que, mesmo que eu não gostasse de fazer, eu sabia que tinha de fazer, tinha de estender a mão e ajudar, e cooperar. Ele foi a desculpa que eu encontrei para não mover uma palha dentro de casa. Como diz minha mãe, eu sé queria “comer e dormir”, “ficar de flozô” e outras coisas mais que ela dizia. O pior é que eu sabia que ela estava certa, mas eu não tinha força e nem coragem suficientes para sair daquela situação.


O fato de eu não ajudar mais nos afazeres de casa era o de menos. Ele também me fez relaxar em algumas das minhas obrigações para com Deus. Minhas dúvidas sobre em que áreas Deus quer me usar já desapareceram há muito tempo, mas Ele exigiu de mim que eu me dedicasse mais em algumas coisas, pois Ele queria e quer me aperfeiçoar e te aperfeiçoar para que possamos ser usados na Sua obra. E eu parei de ler a Bíblia e de orar. Só fazia isso nos cultos e mal...


Contudo, quando eu acordei no domingo, antes de ir para a consagração para a qual eu estava escalado para dirigir, eu senti uma profunda vergonha de mim mesmo. Já havia sentido isso outras vezes e até tinha tentado mudar, mas ele, aquele malandro e trapaceiro, tempos depois, me ludibriava novamente. Ele está em todos nós, somente esperando o momento certo para tomar as rédeas de nossas mãos e nos fazer “relaxar”.


Para quem não se tocou ainda quem ele é, eu tenho o desprazer de apresentá-lo: senhoras e senhores, com vocês, a Preguiça, também conhecido como Comodismo. Um dos camaradas mais insistentes que eu conheço que, de quando em vez, vem incomodar a nossa paz e destruir a nossa capacidade de sermos proativos. Foi naquele domingo de manhã que eu percebi o quanto eu havia me tornado imprestável e preguiçoso, descansado, relaxado, relapso, dentre outros atributos indesejáveis.


Decidi dar um basta naquela situação e expulsar a Preguiça pra longe de mim. Vou procurar estar atento, sempre pedindo a Deus para que, quando esse inquilino indesejado voltar a bater na minha porta, eu tenha força de vontade o suficiente para expulsá-lo da minha vida mais uma vez e declarar que não irei mais cair nas suas garras, porque existe alguém que conta comigo. Minha família, meus amigos, eu mesmo preciso e conto comigo e, principalmente, meu Deus, que não precisa de mim, mas escolheu contar comigo.


Esse é apenas alguns dos muitos problemas que temos de enfrentar todos os dias, não é mesmo? Quem nunca caiu nas garras do Comodismo que se manifeste e atire a primeira pedra. O importante é, como diz a Bíblia, vigiar, pois não sabemos nem o dia e nem a hora em que ele nos atacará novamente.


Isso vai acabar salvando as nossas vidas!


Obrigado por suportarem mais um dos meus desabafos de meus problemas diários, problemas esses que todos nós enfrentamos todos os dias e temos de procurar estar preparados para combatê-los.


Portanto, como já diziam Fucker and Sucker: “Mexa esse traseiro Gordo”!!!


Abraão Costa Gusmão.